Vi uma história, vi um alçapão,
Vi um livro, vi a imaginação,
Deixei-me levar por ela, caí na escuridão.
Vi medo, vi coragem, vi Saturno.
Vi o dia e vi a noite, vi o hoje e o amanhã,
Vi o biscoito da vóvó, vi também a torta de maçã,
Vi beijos molhados com Tuninho,
Vi agouros, vi preceitos
Vi também gente vestida de preto.
Vi uma, duas, três vezes,
Vi tantas mais que me perdi em meses,
Vi Carlos, vi José, vi Tuninho novamente,
Vi todos eles me deixarem demente.
Vi não mais pessoas, vi não animais,
Vi o final da história, vi não meus pais.
Vi o verde, vi o azul, vi não o norte, não o sul.
Vi tudo viajando, viajei vendo tudo.
Vi flores murchas, vi morte,
Vi vida, vi sorte,
Vi Vivi, ela me deu um corte
Porque Tuninho tinha me pegado no culote.
Vi o impossível, vi o invisível,
Vi o forte, o inatingível.
Vi sol, lua, estrelas e luar,
Mas este último foi o que veio mais me agradar.
Vi a entrada, mas jamais vi o fim
Até hoje vejo o que deu-se em mim,
Vi barulho, vi sons
Meus ouvidos não eram muito bons.
Vi banguelas, vi cinderelas,
Vi porcos, vi janelas,
Vi pedras, cidadelas,
Queria ter visto as aquarelas.
Só sei que vi Barguela Bownley,
Aquela que me contou o que eu vi,
Aquela que vi-me no espelho.