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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma conversa com um amigo

     Ainda nesses dias tive uma conversa interessante, um conto ultrajante, algo que jamais poderei esquecer. Palavras que ficaram marcadas, palavras que todos sabemos, mas nunca paramos para pensar que realmente são verídicas nos dias atuais.
    Afinal, o que é real? Pensa-se em amor. Amor? Sim, amor. Contava-me ele sobre o que é o amor.  "Amor: afeição profunda; conjunto de fenômenos cerebrais e afetivos que constituem o instinto sexual." - já dizia o arcaico dicionário despencante do meu avô que está na nossa família por quatro subgerações.
   - Então, diga-me, caro amigo. Se o amor é algo tão bom, tão benéfico, por que deve-se tratá-lo com tanto cuidado? Por que é tão fácil se deixar quebrar este cristal? Por que se perde tão rapidamente, tão superfluamente? Por que, em qualquer circunstância, se odeia mais facilmente que se ama? Por que o ódio é um sentimento tão mais fácil, tão mais cativante? Não precisa-se cuidar dele para o manter, ele não se esvai se não for alimentado, ele não morre, não perece, ainda que passem-se longos anos ao ocorrido para gerá-lo. E o amor? Por que, volto a perguntar-te, por que, amigo, o amor é tão frágil?
   Sem resposta alguma na mente, apenas assenti com a cabeça. Mas não é? O amor, este deveria ser a principal fonte de vida, a origem de tudo. "Fogo que arde sem se ver" - dizia Luiz de Camões. "Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal." - 1ª Coríntios 13.5. E aí? Onde poderia estar o tão falado, tão escrito, tão melodiado amor?
   Tema de inúmeros poemas, manuscritos, canções. Tema de filmes, novelas, lema de nações. Amor.
   Hoje respondo-te caro amigo, não mais com a cabeça baixa, mais com a mesma erguida, visionando uma diferença nesta situação, uma divergência, uma mutação.
   Onde está o amor tão cantado?
   - Ele está escondido, preso, sumido, talvez até abduzido por um ser de um planeta distante. Foi retirado da Terra com o intuito de cegar esta população.
   Talvez fosse algo muito radical para se falar, não é?
   Sim, e é.
   - Não meu amigo, ainda há esperança, há uma chance. Nem tudo foi levado. Assim como você, assim como eu, há pessoas que discutem sobre tal assunto, ainda que poucas, e que, mesmo lendo este pequeno, digamos, artigo, farão ressoar este assunto por suas mentes. O amor, meu caro, não extirpou-se, ele está vivo. De uma forma, ou de outra, está. É isto, o intuito verdadeiro do amor: não se acabar, não se extinguir, não se deixar furtar. Aqueles que o mantém vivo dentro de si, são os verdadeiros amantes, os verdadeiros apaixonantes, aqueles com o domínio do dom supremo, da divina concepção eterna. Aqueles que o mantém dentro de si, são estes que, mediante a tantas coisas, se importarão com suas casas, seus amigos, seus parentes ainda que tudo venha a acabar. São estes que não serão destruídos pelo ódio humano, a ganância, a cobiça, a cólera, a mentira. São estes que não se deixarão levar, são estes que irão se eternizar, em uma palavra, um toque, um som, uma morte, ou talvez até, se preciso, duas. São estes, caro amigo, eu, você, e tantos outros, nós, sim, nós, nós seremos a esperança de transformação do mundo. Não pense pequeno, meu caro, não se limite a sua rua, seu estado, seu bairro, passe isso adiante, isso afronte. Veja o que simples palavras singelas, notórias, verdadeiras podem causar em um mundo deturpado. Seja a diferença. Que esta comece em mim, comece em você, e passe-se a todos os outros: quem ler, quem ouvir, quem viver.
"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor." - 1ª Coríntios 13.11-13

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