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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Noite fria, você e inverno, além de todo o resto.




     A noite. Cai mais uma vez como todos os dias faz, de maneira tênue, suave, não abrupta, mas ainda assim me surpreende. Diferentemente de um amigo seu: o frio. Repentino, passageiro, vem só pra deixar uma marca e logo se esvai. A noite vem, mas volta para o lugar de onde veio a cada dia. O frio vem, não se sabe quando, muito menos a sua volta. O que será, então, melhor? Aquela que chega, sabendo-se sempre, com uma monótona rotina de idas e voltas e hora marcada? Ou aquele que vem de surpresa, te rouba, usurpa, e se esvai da mesma forma que veio: sorrateiro?
     Mas nunca se passou pela sua mente que o mais coerente seja a presença dos dois? Feito como um eclipse: demora, demora, demora, mas quando chega, quando calha de o sol e a lua se adequarem em um emaranhado de projeções ópticas, tudo para para observá-los em sua dança lenta, tênue, suave, e ao mesmo tempo abrupta e passageira. É como se as características de ambos se unissem para formar algo melhor: algo que é previsível, mas que, ao mesmo tempo, deixa a saudade da vontade de ver de novo. Algo como você, mas que demora tanto tempo, que a vontade de te ver é quase a mesma coisa que não mais querer fazê-lo, pois talvez isso só leve a mais desesperados anos pensando na próxima aparição, na próxima junção. E, se isto só pode acontecer no inverno, se apresse, pois a primavera está chegando, e depois dela, o frio só retorna ano que vem, mas a noite continua aparecendo todos os dias, de forma diferente, livre, leve, solta.

Um comentário:

Sara Lima disse...

Tenho vergonha de dizer que não posto nada há 2 meses. Fico em busca de uma inspiração, alguma motivação, que me faça expressar em palavras tudo que é pensamento. Creio que você as achou antes de mim.