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sábado, 25 de setembro de 2010

AHN? Apoptose

    Passei anos e anos ouvindo esta mesma melodia em finais felizes. Hoje, ouço-a em um momento não tão feliz. Os dias escorrem como se fossem gotas de chuva deslizando sobre uma superfície sem atrito, as horas passam como o mecanismo de replicação da fita contínua (sem pausas), mas, mesmo assim, ainda sinto-me desolado. Não sei quem eu sou, não sei onde estou. Perdi meus trilhos, meus textos, minha vontade de escrever, perdi o fôlego, não respiro mais, faço fermentação.
    Abarrotado de pensamentos e coisas, ideologias, novidades, notícias boas e ruins, simplesmente um estado supra que qualquer pessoa possa chegar antes de entrar em apoptose. Esclarecidamente, a animação de qualquer pessoa - seja ela quem for - não vai fazer-me mudar o ânimo agora, porque as pessoas sempre tentam, mas nunca falam a coisa certa, ou fazem a coisa certa, que, no final, é simplesmente o mais fácil e simples de se falar ou fazer.
    É engraçada a vida, em devidos momentos nos faz sorrir, e em outros, chorar. Fica nesta extrema volatilidade, porém não é algo comum, tudo é intenso demais, tudo é forte, poderoso, imponente. Refletir sobre ela não é algo muito aconselhável em certos momentos, mas, ainda que seja assim, é a melhor coisa - sempre - a se fazer.
    Meus olhos estão secos, deles não emanam mais lágrimas. Posso-me definir como "assentimentado", aquilo que outrora já foi expresso em demasia, atualmente é impossível de expressar-se, ou simplesmente falar-se.
     Serodiamente falando, é invívido sentir-me desta forma, contudo não atípico. Deleitar-me-ei em meu pranto e esconder-me-ei em dentro de minha cápsula, minha fortaleza refugiadora. Digo, este é o parágrafo inexorável de meus textos (aquele que, de forma pragmatizadora, converte-os em ininteligíveis) onde 98% dos verbetes em geral não são captáveis por aqueles que os leem. Reflita sobre o bom lado, um dicionário faria seu vocabulário expandir.
     Passei anos e anos ouvindo esta mesma melodia em finais felizes. Hoje, ouço-a em um momento não tão feliz, todavia, quem disse que este é o final?

Um comentário:

Sara Lima disse...

Sabe, DogRinhas, às vezes a gente fica cego na nossa própria felicidade, tão cegos que não conseguimos enxergar a tristeza do outro.
Não tenho muito a dizer, DogRinhas, apenas espero que você não entre na fase estacionária ou de declínio, e muito menos em apoptose. Por mais que a nossa vida seja feita de extremos, são eles que nos fazem realmente viver; é essa mistura de risos e lágrimas que nos fazem ser quem somos, e é nas horas acinzentadas que descobrimos o quão coloridas elas podem se tornar, dependendo da companhia que escolhemos. Pense nisso, DogRinhas.
E não, você não chegou ao fim, DogRinhas; você está apenas no começo. =)